Primeiro uma reunião de trabalho por horas que atravessou o horário de almoço. Nina não estava presente.
No fim da tarde, após um almoço chato, fui para o setor onde Nina trabalha.
Nos cumprimentamos com um breve aperto de mãos e nos fitamos com um sorriso até sem graça.
Comecei meu trabalho, mas pensando nela logo tão perto, acho que por poucas vezes virei a cabeça em sua procura.
Nina logo se foi.
Convidei um colega em comum para uma cerveja, por volta das 21 horas.
Continuei meu trabalho até as 19 horas.
Fui para o hotel, onde eu e Nina nos encontramos por algumas vezes (vezes mágicas).
Minha tortura começou, fitei o celular, pensei, titubiei e liguei para ela, em vão.
O celular tocou e não foi atendido. Uma decepção, mais dor, um início de choro. Resisti.
Fui para o banho.
Saí do hotel para o café onde também nos encontrávamos. Eram 20h30min.
Capuccino, torta e um livro de poesias que já havia passeado pela minha mão e pela dela.
Houve uma ocasião em que falamos de nossos sentimentos, junto de outros, somente apontando poesias do mesmo livro um para o outro, numa alternância, como dizíamos, nossas almas pareciam conectadas.
As lembranças de Nina, por todo local, cada pessoa que entrava pensava que podia ser Nina, não era. A tortura continuava.
Era 21h30min liguei para meu colega, atendeu e disse que já estava próximo.
Algumas cervejas, uma conversa boa, mas eu queria saber como estava Nina.
Poucas informações, mas soube que ela ainda estava com o companheiro.
Ele me disse que pensava que Nina estaria lá com a gente. Eu disse que liguei, mas que ela não havia atendido o telefone. Era verdade.
Falamos dos problemas de trabalho. Ele me disse que havia pedido para ser mandado embora e estava deixando a empresa. Eu já sabia, por Nina, e me fiz de surpreso.
Falamos de mulheres, das nossas, das outras.
Ele me perguntou de minhas aventuras com mulheres em viagens.
Eu contei das poucas que tive. Parece que ele queria saber de mim e Nina.
Não falei, mas tive vontade. Com Nina não foi aventura, foi tudo além, foi paixão que se tornou amor doentio.
Era mais de meia-noite, demos uma volta pela pequena cidade, mas não havia festa que pudéssemos detectar.
Me deixou no hotel. Tive que atravessar o corredor e pensar em Nina, deitar-me na cama pensando em Nina. Na manhã seguinte seria um dia de trabalho pesado e encontro com Nina.
Dormi pouco, agitado, acordei cedo, me arrumei com mais calma que o usual, tomei um café sem fome.
Chamei um táxi, fui para o trabalho.
Encontrei Nina novamente, um aperto de mão, mais "asséptico" ainda.
Tentei me concentrar, ela estava a poucos metros. Estava difícil, sentia mais tortura, até que o trabalho transcorria bem em virtude das circunstâncias.
Por volta das 10 horas, como de praxe em outros tempos, Nina me convidou para um café. Pouco acenei com a cabeça que ela voltou a perguntar. Aceitei.
E se fez luz em meu dia.
Caminhamos juntos pelos corredores e escadas. Sentei num sofá, ela no oposto.
Falei de meus sentimentos, que se resumem em pensar nela durante todo o tempo e até quando não deveria.
Percebi em momentos que meu olho podia encher de lágrimas e via os olhos dela também se avermelharem, nos contemos. Ela foi lógica e sensata eu tentei ser, falei que procurava respeitar as regras de não contactá-la, mas que por uma vez foi maior meu sentimento do que o racional.
Pedi desculpas pela dor que ela sentia e que havia sido multiplicada pelo fato dela confessar a traição ao companheiro. Ainda houve o envio de uma carta anonima para ele, após ela ter feito a confissão. Ela me disse que ele teria "acabado" com ela se soubesse antes dela ter confessado. Ela afirmou que ele havia mudado muito, mas se questionou porque se aproximava de homens violentos. Eu nunca fui violento no sentido físico, mas no sentido verbal, sou demais. Fiquei preocupado pela segurança dela. Também me disse que quando ele pediu por uma segunda chance foi quando ela confessou nosso caso. Que continuavam juntos sob o mesmo teto, mas que ele agora estava em "standby". O que me deixou pensativo depois, foi a dúvida: E ela quer uma segunda chance com ele? Por que sou de pensamento tão lento? Que percebo no momento a falta de nexo, mas somente ocorre a materialização do pensamento depois?
Desde quando nos encontrávamos não entendo como continuavam morando juntos se não se falavam e se viviam "como irmãos"? Agora depois de tudo revelado entendo menos ainda! Talvez de certa forma ele ainda seja um porto seguro para Nina!
Nina me disse que tudo isto já era passado e notei que não queria mais falar sobre este assunto.
Enfim, foi uma conversa rápida e "no-sense" por vezes, rápida como tudo que nos ocorreu, foi rápido e marcante como um "tsunami". Mas foi o suficiente para me dar um pouco de paz durante aquele dia.
Ela falou que não estava mais escrevendo, estava pintando com cores negras, cinzas e marrons.
Que não sabia se escrevia um romance ou se o nosso caso seria mais para novela. Me intrigou.
Passamos a trocar frases irônicas e almoçamos no refeitório juntos e acompanhados de nosso colega da noite anterior.
Por volta das 15h quando me preparava para ir ela me deu um envelope pardo, percebi que era um livro.
Por volta das 15h15min eu chamei Nina para um café e para ir embora, ela me acompanhou, dei uma caixa com um presente que havia preparado.
Ela me perguntou se eu queria só o café, eu disse que queria um brownie. Ela disse não ser possível. Brownies e Petit Gateau que estiveram em nossos encontros não seriam mais possíveis.
Terminei o café, disse que tinha sido bom vê-la, ela me disse o mesmo.
Segurei rápido no braço dela e pedi um beijo no rosto de despedida.
Dei o Beijo e Fui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário